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Mapa de Conceitos

A realização de um dicionário terminológico em literatura pós-colonial enfrenta desde logo um dilema delicado: a concatenação da base estandardizante com a ideologia anti-normalizadora da teoria literária pós-colonial derivada de princípios pós-estruturalistas. As preocupações inerentes à estandardização excluem a literatura bem como demais ciências humanas e sociais que por tal se debatem com a inadequação dos progressos metodológicos e legais que a própria estandardização leva a cabo. A publicação da norma 704 “Terminology Work – Principles and Methods” pela acção do Comité Técnico 37 da International Organization for Standardization (ISO) pretendia colmatar esta deficiência. Porém, esta norma revela dois problemas: a tentativa de amalgamar num único trabalho tudo o que poderia não ser especificamente técnico ou industrial criou um universo falso regido por metodologias insuficientemente específicas e a notória orientação do concreto-técnico por detrás de cada directriz. Se o objectivo era não criar terminologias mas unificar e coordenar princípios orientadores do trabalho terminológico, os campos temáticos e conceptuais que se descortinam por detrás da norma 704 continuam a ser os mesmos. Estes problemas reflectem-se, obviamente, em inúmeras dificuldades em criar um sistema conceptual.

Quanto à abordagem à ideologia da estandardização este trabalho tem mais empatia pela abordagem descritiva (Norte-americana e da Europa Ocidental) em detrimento da prescritiva (Europa Oriental): as decisões terminológicas serão tomadas depois de consultado um corpo representativo de especialistas e os termos encarados como recomendações, salvaguardando portanto a necessária flexibilidade do campo temático em questão e perspectiva diacrónica do mesmo.

O desenvolvimento do sistema conceptual deste dicionário depreendeu a demarcação de duas dimensões claras (de acordo com a ISO/TC 37 um diagrama conceptual é multidimensional se houver mais de um critério na sua construção): uma respeitante ao campo teórico e crítico e outra ao campo da cultura e da literatura (identificáveis na árvore com duas famílias de cores distintas). Refira-se ainda que na Dimensão 1 me baseei na tipologia dos géneros textuais apresentados pela Dra Rosa Lídia Coimbra a qual, por sua vez, harmonizou a postura mais tradicional de Carlos Reis e de Vítor de Aguiar e Silva com a proposta mais flexível de Douglas Biber em Variation Scross Speech and Writing (1991). Mas a principal dificuldade na criação deste esquema conceptual colocou-se na figuração da ficção pós-colonial propriamente dita (Dimensão 2). A pesquisa por vários documentos resultou numa esquematização geográfica e histórica. A maioria dos termos utilizados resultou da necessidade de categorização expressa por esta árvore, logo, carecem ainda de validação. Alguns termos resultaram da tradução do inglês, língua em que esses termos já existiam (ex. Literatura do subcontinente sul-asiático), quando essa tradução não apresentava ambiguidades. A partir de alguns termos criaram-se outros, encontrando-se portanto estes sustentados apenas pela pré-existência de uma determinada fórmula de geração de termos (ex. Literatura do subcontinente este-asiático). Contudo, os mais graves obstáculos, que permanecem discutivelmente resolvidos, dizem respeito às narrativas da descolonização britânica já que o processo histórico se desenvolveu de modo diferente em distintas geografias. Estas especificidades não se acomodam facilmente em esquematizações; optou-se por uma divisão tripartida em que dois deles estão intimamente ligados: a literatura (pós-) colonial indígena (o termo “indígena” ainda não desfruta inteiramente na língua portuguesa da des-preconceitualização do termo equivalente em inglês mas a evolução do significado tem sido nesse sentido) pretende referir-se à literatura produzida nas ex-colónias, a literatura (pós-) colonial expansionista refere-se a literaturas de nações afectadas pelo movimento da expansão mas em que o ímpeto imperialista não é prototípico e a literatura (pós-) colonial britânica remete-nos à ficção oriunda da Grã-Bretanha (a distinção em língua inglesa é mais clara e pode ser expressa pela oposição “colonisation” e “settlement”). As definições sobre as quais estes termos assentam são, a meu ver, insatisfatórias e fará parte do trabalho futuro defini-las com maior rigor. Porém, como para além de qualquer dúvida estas categorizações existem intrinsecamente, o sistema de conceitos precisava de as reflectir.

De acordo com as linhas orientadoras da ISO, foi utilizada a seguinte simbologia na construção do diagrama-árvore, forma privilegiada para representação de relações conceituais genéricas (ISO/TC 37):

  • Relação hierárquica genérica _____ (linha contínua)
  • Relação hierárquica partitiva ∏ } (ancinho ou chaveta)
  • Relação associativa → (seta)
  • Relação associativa 4 (seta tracejada para relação associativa cuja dependência entre conceitos é inteligível mas dificilmente definida)

Uma relação hierárquica (em que um conceito supraordinado se subdivide em pelo menos um conceito subordinado) genérica estabelece-se entre dois conceitos quando a intensão (conjunto de características que formam uma unidade) do conceito subordinado inclui a intensão do conceito supraordinado mais uma característica delimitadora. Numa relação partitiva o conceito supraordinado representa o todo e os subordinados partes. As relações associativas são por natureza não-hierárquicas. A ISO/TC 37 estabelece como relação associativa aquela que denota uma relação temática entre conceitos, observável em virtude da experiência.

Em matérias relativas às ciências exactas ou ao mundo concreto estas relações seriam já suficientemente difíceis de percepcionar mas quando estas directrizes se aplicam às demais áreas, no caso em questão à literatura, elas apresentam implicâncias decerto ainda mais intrincadas.

Este é um sistema conceptual misto visto que utiliza uma combinação de relações conceituais.


Dimensão 1

Mapa de Conceitos 1

Mapa de Conceitos 2

Dimensão 2

 

Universidade de Aveiro    Fundação para a Ciência e Tecnologia    Departamento de Línguas e Culturas